Em 1949, George
Orwell imortalizou a expressão “Big Brother is watching you”
(em português, “O Grande Irmão está a observar-te”), no seu célebre
livro 1984.A expressão servia para expressar o que se passava numa
sociedade onde o controlo exercido sobre o povo era total e global, onde
existiam uns dispositivos chamados “telecrãs” em todo o lado,
inclusive nas habitações de todas as pessoas, cujo propósito era observar cada
movimentação de cada cidadão.
O filme
No livro conta-se a
história de Winston, um apagado funcionário do Ministério da
Verdade da Oceania e de como ele parte da indiferença perante a sociedade
totalitária em que vive, passa à revolta, levado pelo amor por Júlia e
incentivado por O'Brien, um membro do Partido Interno com
quem Winston simpatiza; e de como acaba por descobrir que a
própria revolta é fomentada pelo Partido no poder. E também de como, no
Quarto 101, o chamado "pior lugar do mundo",
todo homem tem os seus limites.
A trama se passa na
Pista No. 1, o nome da Inglaterra sob o regime totalitário do Grande Irmão (no
original, Big Brother) e sua ideologia IngSoc (socialismo inglês), e conta a história
de Winston Smith, funcionário do Ministério da Verdade, um órgão que cuida da
informação pública do governo. Diariamente, os cidadãos devem parar o trabalho
por dois minutos e se dedicar a atacar histericamente o traidor foragido Emmanuel
Goldstein e, em seguida, adorar a figura do Grande Irmão.
De fato, Mil
Novecentos e Oitenta e Quatro é uma metáfora sobre o poder e as sociedades
modernas. George Orwell escreveu-o animado de um sentido de urgência, para
avisar os seus contemporâneos e as gerações futuras do perigo que corriam, e
lutou desesperadamente contra a morte - sofria de tuberculose - para poder
acabá-lo. Ele foi um dos primeiros simpatizantes ocidentais da esquerda que
percebeu para onde o stalinismo caminhava e é aí que ele vai buscar a
inspiração - lendo Mil Novecentos e Oitenta e Quatro percebe-se que o Grande
Irmão é baseado na visão de Orwell sobre os
totalitarismos de vária índole que dominavam a Europa e Ásia na época. Stalin, também Hitler e Churchill foram algumas das figuras que inspiraram Orwell a
escrever o romance.
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Controle do Estado
O Estado controlava
o pensamento dos cidadãos, entre muitos outros meios, pela manipulação da
língua. Os especialistas do Ministério da Verdade criaram a Novilíngua, uma língua ainda em construção, que quando estivesse
finalmente completa impediria a expressão de qualquer opinião contrária ao
regime. Uma das mais curiosas palavras da Novilíngua é a
palavra duplipensar que
corresponde a um conceito segundo o qual é possível ao indivíduo conviver
simultaneamente com duas crenças diametralmente opostas e aceitar ambas. Os
nomes dos Ministérios em 1984 são exemplos do duplipensar. O
Ministério da Verdade, ao rectificar as notícias, na verdade estava mentindo.
Porém, para o Partido, aquela era a verdade. Assim, o conceito de duplipensar é
plausível a um cidadão da Oceania.
A Nova Língua
Outra palavra da
Novilíngua era Teletela, nome dado a um dispositivo através do qual o Estado
vigiava cada cidadão. A Teletela era como que um televisor bidirecional, isto é, que permitia tanto ver quanto ser visto. Nele, o "papel
de parede" (ou seja, quando nenhum programa estava sendo exibido)
era a figura inanimada do líder máximo, o Grande Irmão.
No livro, Orwell expõe
uma teoria da Guerra. Segundo ele, o objectivo da guerra não é vencer o inimigo
nem lutar por uma causa. O objetivo da guerra é manter o poder das classes
altas, limitando o acesso à educação, à cultura e aos bens materiais das
classes baixas. A guerra serve para destruir os bens materiais produzidos pelos
pobres e para impedir que eles acumulem cultura e riqueza e se tornem uma
ameaça aos poderosos. Assim, um dos lemas do Partido, "guerra é
paz", é explicado no livro de Emmanuel Goldstein: "Uma
paz verdadeiramente permanente seria o mesmo que a guerra permanente".
Personagens:
- Winston
Smith : protagonista do romance,
um homem comum fleumático.
- Júlia : Amante de Winston, um rebelde
"secretas da cintura para baixo", que elogia as doutrinas, é
militante do Partido, enquanto vive secretamente em contradição com elas.
- O'Brien :
Um agente do governo que engana Winston e Julia fazendo-os acreditar que ele é
um membro da resistência, e convencendo-os a aderir a esta, e depois usa isso
contra eles para torturá-los. Ele convence-os de que eles não devem apenas
obedecer, mas amar o Big Brother. O'Brien pode ser visto como principal antagonista
da novela.
- Big Brother : Autocrata da Oceânia. Actua de modo semelhante a "Joseph
Stalin". Winston Smith aponta que ele nunca foi visto, nem ninguém se
lembra de ver o Big Brother, e sugere que ele pode não existir. Declaração de
O'Brien que o Big Brother "nunca vai morrer" também contribui para
esta teoria, sugerindo que o Big Brother pode ser apenas uma representação
simbólica do partido como um todo. Sua imagem está em toda parte,
principalmente nos cartazes onipresentes que advertem: "Big Brother is
Watching You".
- Emmanuel Goldstein : Um ex-membro de topo e agora opositor do partido. Actua de modo
semelhante a Leon Trotsky. Assim como o Big Brother, Goldstein, se alguma vez
foi real, está provavelmente morto, ambos podem ter sido criados para fins de propaganda.
Origem do Big Brother da televisão
O reality
show Big Brother, desenvolvido
pelo holandês John
de Mol, é uma referência ao
personagem do Grande Irmão de
1984.
O filme Equilibrium, estrelado por Christian Bale, e passa numa sociedade distópica do futuro, que apresenta algumas
semelhanças com aquela retratada por Orwell em 1984. O
jogo de computador Half
Life 2, apresenta uma série de
semelhanças com 1984, uma vez que mostra uma resistência lutando
contra o domínio totalitário de uma raça alienigena sobre os humanos, mantidos
sob manipulação da informação, controle da fertilidade e outros aspectos
presentes também no livro. O autor de ficção científica David
Brin costuma dizer que o
grande mérito da ficção científica não é prever o futuro, mas pintar um futuro tão horrível que as pessoas
vão lutar que ele não aconteça. Neste sentido, 1984 é talvez o livro mais
importante do século, porque, a qualquer sinal de tirania, a sociedade lembra
do livro e luta para impedi-la.
"A
massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla a massa"
(George
Orwell)
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